terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Adágio

Como música a saudade toca dentro de mim
Você em todas as notas
Ondas sonoras
Presas aqui

Posso sentir cada batida
Percussa coração
E suas mãos de artista
Tocam com delicadeza as notas de um piano
Imaginário

As moléculas se agitam me levando a você
Paira sobre o ar cortado pelos meus movimentos
A riqueza dos teus lábios sob meus olhos fechados
O desejo pela beleza de abraços
Em meus olhos abertos, viajantes, fascinados, estagnados
Em meus olhos perplexos de apaixonados.

Sinto nosso calor em cada música.
Mas mesmo em maracatu atomizado,
sua falta parece sempre um adágio.



                                                                Ivy Coelho
                                                                22/12/2010

domingo, 19 de dezembro de 2010

À nanquim, pra fixar.

Seus olhos me enxergaram
E eu nasci
Como se não tivesse vivido antes
Nasci como no meio do rio
Uma nova fonte

O nosso tempo não é o do mundo
Diz sua voz rouca em meu ouvido.
Logo penso:
O mundo não tem tempo!
O tempo não tem mundo!
Por isso ficam mudos
Nos vendo desfilar
Sobre linhas das razões
Que a razão de entender não há.

Peço-lhe que me escreva
Em seus cadernos de memórias
Memórias presentes, futuras e póstumas.
Do tempo que me esperou, que me vive e o que me aguarda.

Se é tão certo que sou tua poesia
Quero estar nas primeiras páginas e rodapés
Em seus índices de massas e painéis
Entre lindas acácias e simples viés.

Não quero ser a poesia do quase
Ou do talvez
Do amor?
Ah tanto amor não cabe bem!
Não cabe bem em uma...
Mais uma poesia de amor?
Delas o mundo está cheio!

Quero ser a poesia do sempre,
Do em frente, do lembre,
Do sente, do tente
Da lente cristalina que te mostra o mundo.
A moça dos olhos,
Dos beijos,
E dos pulos!


                                        Ivy Coelho
                                       20/12/2010

Tempo Vadio

O tempo fez-se vento
E brincou com meu querer
Com meus sentimentos
Me trouxe outro momento
Que então é meu viver

Caixinha do tempo
Sempre pregando peças
Entre relógios de sol
E runas nas pedras

Sempre sinal curvo
Sempre tudo dúbio
Muito confuso...
Sigo mudo!

Oh enigma!
Oh tempo que parece moleque traiçoeiro!
E ora parece senhor de sábios conselhos...
Me testa o tempo todo,
Não sei se ama, ou se me detesta.
Não tento um drible ou dar-lhe testa!
Fico empanada
Entre sesta e festa.

Seguirei onde estou, já lhe dei muita conversa!

                                            Ivy Coelho
                                            20/12/2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Timbres Ideais

Possuída por teus lábios
Você me quer até onde não posso mais
Atrás do sol vem a lua
Não podemos viver sem mais.

Seus mistérios se desmancham
Te desmentem em teu desejo
Mas eu quero o verdeiro sabor
De amor em seu beijo.

Eu preciso de tempo,
Tu precisas de calma
Precisamos de alma
Saúna de sobrevoar
Sobrepor
É sobre ganhar.

Escuta-te o coração
Vermelho fogo
Escuta o deslizar das palavras escondidas
Em teu medo tolo,
Como o meu.

Escute-se!
 O deslizar de suas lágrimas
Sob meu corpo
O deslanchar do olhar brilhante
Sob meu rosto
O desmaiar da plebe angústia
Sob a riqueza de nosso gosto.
Livres então,
Seremos um.
Timbre senão,
de céu azul!

Ivy Coelho
16/12/2010

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Agonia


Me atirarei no calabouço!
Não consigo tirar as minhas estrelas do bolso!
Lacrado, vetado, podado pela mente ocupada
E coração bem dotado de novidades açucaradas!

Escorre pelo ralo
Minha terapia decidiu me deixar
Como soldado em retirada
As palavras bem articuladas
Não querem mais articular.

                                       Ivy Coelho
                                       15/12/2010

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Recordações de Hangar

Você foi perfeitinho
Meu namoradinho,
Sem de fato ser.

Foi um sentimento sereno
Que começou bem pequeno
E danou-se a crescer

Em seus braços
Eu falava sobre vida e espaço
Você me beijava a boca
Sem de fato entender

Que o escuro falava baixo
Tudo parecia sincero e sensato
Como um retrato de estar com você

E o tempo nem sentia
Agente passar
Me tratava indiferente
Invejava minha compahia,
meu cavalheiro,
meu hangar.
Escondido em grutas
Que pareciam me abençoar.

E você foi embora
Sem me olhar nos olhos
Como se deveria ser...
E justamente por isso
Agradeço ao infinito
E ainda estimo te querer...


                         Ivy Coelho
                        10/12/2010

Descanso

O dia nasce rosa quase lilás
E um cinza cruel, mas fugaz
Magicamente, não deixa o tempo passar

Por trás um azul
Assim meio fugidio
Bem tão perto
Do infinito
Se mostra à luz apagada

Então deito a noite
Que já passou
Pois a escuridão não me deixa dormir

Pra que o azul venha sobrepor
E ilumine meu sono
Pois nem sempre sonho
Mas descanso meu pranto.


                             Ivy Coelho
                             10/12/2010

Amatoria sem Ars

Faça-te chuva madrugada
Pra que a manhã prostrada
Se envaideça do meu rosto sóbrio

E com a língua da vaidade
Molhada de chuva
Lamba minha sede de amor

Que eu não posso mais
Com tanta dor
De amar e não amar
No fundo é sempre horror

Sofro com sua presença
Como com sua ausência
Sou apenas mais um soldado
Pungido com essa ideia tosca
De embeber-se em roma
Gole, a gole
E transbordar-se de drama!

Quando não expulso por um Augusto
Engolido pela vaidade, pelo ciumes, pelo tempo...
Por tudo!

E a chave da felicidade
Só nos mostra idade
Lembrança com saudade
Enfim se resume amor!

Quatro palavras
De mil significados comuns e abstratos
Quando nada mais são que instantes
Que até parece toda a vida
Possuída e farsante.


                                Ivy Coelho
                               10/12/2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Enebriante e em movimento

A música abre o espetáculo
Elétrons atômicos eletrizam o meu corpo
E numa viagem enebriante
Põe sorriso no meu rosto

É o movimento do universo
Como o elixir da vida correndo em mim
Não posso controlar
Só quero sucumbir

Braços a postos
Pernas firmes
Saber o que faço?
Não importa, faço já o que não sei.

Puro instinto
Corpo límpido
E a alma parece o corpo
E o corpo parece alma
Infinitos de amor e prazer.

Tudo é uma coisa só
Tudo se torna simples e claro como água
Tudo parece eterno e explicado
É mágico, é ácido, é palma

Palma da mão movimentando o ar
Leve e explosiva como delírios
E num instante eu posso voar
E sei de tudo, sem abrir um único livro.

Se é verdade que apenas morrendo
alcançamos a plenitude
Se apenas quando morremos temos respostas pra tudo
Numa serenidade, sem tempo ou deslumbre
Então julgo que morro, toda vez que danço
E morrer por estes instantes,
É mais que fascinante!



                                                        Ivy Coelho
                                                        08/10/2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Preçe ao infinito

Peço pressa ao tempo
Peço ouvidos a sorte
As vezes peço convite a morte.

Peço amor a mim mesma
Peço vontade a cabeça
Peço forças a meu corpo
Eu sempre peço mais riso e menos choro.

Peço certeza ao futuro
De menos fracasso, peço um seguro
Seguro de alma, seguro de vida

Felicidade falida
Resto de vontade varrida
Assisto tudo passar, sem vida.


                                     Ivy Coelho

Melancolia

Os dias descem negros
E nada há de trazer você de volta
Tudo parece medo
Nada vira bossa

Os sons parecem trêmulos
E tudo é vento a minha volta
Estou no olho do furacão
Tudo passa e não há nada do lado de fora

Sou inútil
Vida túmulo
Sou menor sem você


                                   Ivy Coelho

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O vento da maldade

Talvez você seja só um amigo
Talvez você seja só um risco
Que um dia eu deva correr

Talvez você seja um tal futuro
Talvez ancore em teu porto seguro
Que quicá seguro há de ser

Agora eu só devo ficar sozinha
Pra quem sabe um dia
Tua melancolia
Com a minha há de bater

Enquanto tento sua amizade
Espero em ti com castidade
Que o pensamento tentou desfazer.


                                         Ivy Coelho
                                        02/12/2010
                                            02:42 hrs

Amor de momento

Venha me beijar
Saciar minha vontade de você
E quando amanhecer quero dançar
Pro sol nascer

Venha me tomar
Porque tomar a sede de querer
É desejo que ao tempo
Não hei de ceder

E se tu choras
E se tu amas
O meu sono te faz cama

E se tu veste
E se tu andas
Funções vitais são mero dramas

Porque real
É ser carnal
E se entregar a meu calor

Porque banal
É ser normal
E não me encher com tua dor

Ponha em meus ombros que eu aguento
Carrego tua dor, teu sofrimento
Para a ponta da terra onde haveremos de cair
Pro infinito nos sucumbir

Ponha-te amor
Que eu sustento
Todo sonho de momento
Refaço a todo instante
Aquele breve bater de coração
Todos os dias a ti conquisto então.

                                 Ivy Coelho
                                  2/12/2010
                                   01:35 hrs


Silêncio Corrosivo

As vezes tudo parece demais.
E as vezes dois, parecem pouco.
Dentro há um silencio, que nada preenche.
Talvez seja o universo dentro da gente.
Um buraco negro que nos puxa a desgraça.

Alguns investem no trabalho,
Outros nos amores,
Outros nas noites...
Todo mundo quer sempre mais!

E no fim do dia
Este vazio nos come,
Nos consome... até cabermos
Numa poesia

Nessa busca incessante
Estou entre drinques e devaneios
Sobre futuros que não cabem em minhas mãos
Sempre passeio por luz e escuridão

Até onde vai minha carne
Onde começa minha alma?
Verdade é o que posso sentir na pele
Ou o que não posso saber da calma?

Ah,o meu corpo
Ah, a minha mente...
O que sou?
O que existe?
O que sente?

                                    Ivy Coelho
                                     02/12/2010
                                         00:48 hrs