Grito aos homens indolentes
Que parem e acalmem esta dor!
E aos músculos que tem força
Que me tirem deste horror!
Eu que sou homem etiqueta
E não sei mais viver disforme
Sou quadrado, me tornando
Redondo ou delgado
De acordo a ordem, dentro dos conformes.
E minhas idiossincrasias
Que outrora desenhavam feições tão minhas
Agora são estampas!
E eu que luto contra o sistema
Tenho em minha cabeça moldura produzida em série,
Por todo nós que somos contra.
E como ser eu, onde todos os eu’s que posso ser
Já foram aparentemente produzidos?
Choro num canto, cinematograficamente reprimido.
Nos reunimos em debates, protestos e mesas redondas.
E vamos pra nossas casas remando, a favor da onda.
Almejamos alcançar os
meios
Que tantos criticamos
Que causa graça e desgraça
Desfaz verdade e faz enganos.
Pensamentos diferentes,
Mas o mesmo meio de chegar.
Nos degladiamos, atropelamos,
Queremos chegar ao mesmo lugar,
Impomos nossa cultura e estilo andar.
Será que também não queremos manipular?
Sempre me pergunto que diversidade
É essa que cabe num check-list,
Porque precisamos do meio-manipulador para dar o revide?
E no fim das contas percebo que não
Sei o que estou fazendo.
Muito estudo e me divirto para mostrar
O que sou por dentro
Mas quem sou além do descontentamento?
Ivy Coelho
16/05/13